quinta-feira, 4 de outubro de 2012

A política por trás da Política

   Época de eleição é algo singular, algo pelo qual todos nós passamos juntos dos alvoroços que a sociedade cria em torno dessa época. Discussões, buzinas e frases decoradas fazem tudo isso parecer mais como uma marcha duma orchestra desafinada. Cria-se desordem em prol de alguma futura ordem. Não me entendam mal, eu sou vêementemente agradecido por termos sido agraciados com o poder de expressar as nossas vontades e escolher quem nós queremos ver na administração das nossas cidades. Mas se fazemos bom uso ou não desses poderes que nos foram dados, isso já é algo que eu não poderia dizer.

   Eu sempre procurei enxergar as coisas com outros olhos e acredito que o mais engraçado dessa época é que ela permite que você presencie situações as quais normalmente não presenciaría. Não falo de súbitas aparições de caminhões pipa para lavarem as ruas e também não estou falando da sensação que se dá, de que a cidade finalmente esteja sendo bem-cuidada. Digo, é muito bom ver que muita coisa pode mudar em tão pouco tempo mas é uma pena termos essa sensação aguçada somente em épocas eleitorais.

   O que realmente me fascina é que os mesmos cidadões que antes não davam a mínima por política, muitas vezes são os mesmos que aceitam "benefícios" para brandarem as bandeiras partidárias, decorando as passeatas e comícios com admiráveis expressões de amor e apoio. Como a política é algo que depende da união de todas as classes sociais, também são beneficiados aqueles que estampam teus respectivos automóveis com adesivos que os deixam parecidos com algo entre um carro alegórico e um Stock Car. E se assim quiserem, também é dada uma gasolina de uma qualidade louvável para que participem das carreatas (Reza a lenda que dos que aparecem nos postos de combústiveis, apenas 73% aparecem nas carreatas).  Mesmo com esses desfalques, ainda assim é um tanto quanto interessante perceber a emoção que é torcer para alguém que só passou a "existir" há alguns meses.

   Verdade é que com ou sem benefícios, o ser humano sempre buscou algo pelo qual torcer, algo que o fizesse sair da rotina que tanto o atormenta, algo pelo qual ele pudesse bater no peito e dizer "eu estou fazendo uma parte disso". Isso não é algo que veio com o tempo e acredito que o tempo jamais deixará com que isso deixe de existir. Aonde houver uma torcida, haverá a monotonia disfarçada de euforia.
 
  Mesmo que tudo que eu tenha dito não passe de um produto da visão distorcida de alguém que apenas assiste o carnaval passar. Eu ainda assim teria que dizer que se porventura existir algo inegável quanto à política, essa seria a capacidade que ela tem em gerar um fanatismo do tipo "eu sou e se você não é, você logo será". Não me sinto orgulhoso em dizer isso mas infelizmente não é preciso nem irmos longe para podermos conferir isso. Na verdade nem precisamos sair de casa. Qualquer um que tenha entrado em quaisquer das diversas redes sociais pôde conferir esse tal fanatismo. Não que elas, por elas digo as redes sociais, fossem muito mais interessantes antes desse "fenômeno" se alastrar, mas é complicado se deparar tão fácil com gente forçando opiniões sobre outros.

   O apoio "sangue nos olhos" de alguns não me deixaria parecer tão errado ao dizer que parece que aos olhos deles, é como se em uma fração de segundo, um candidato se tornasse um semi-deus. Não aqueles que montam seu Pegasus e saem voando por aí (moradores da minha cidade, favor desconsiderar a Mercedes-Benz e os aviões do atual prefeito), mas sim indíviduos cujas promessas não são mais vistas como palavras e sim como verdadeiros pássaros da paz. Lançados ao ar para indicar que tudo estará bem, tudo estará azul.

   Acreditem, eu acho isso tudo muito bonito mas seria bom se todos fôssemos um pouco mais atentos, se procurássemos enxergar além daquilo que nos é mostrado. Por isso que eu sugiro à vocês que analisem quem vocês irão deixar no poder por 4 anos consecutivos. Percebem a contradição que é ver um candidato prometer manter as ruas limpas após eleito e logo em seguida deparar com as ruas inundadas de santinhos do mesmo. Pensem que se um candidato consegue desrespeitar outro candidato em frente à uma multidão, ele seria muito bem capaz de desrespeitar uma multidão em frente à ninguém. Saibam distinguir um riso sarcástico de um verdadeiro e não deixem com que tapinhas nas costas e "corações" feitos com as mãos os enganem. Uma das tristes ironias da vida é que sempre haverá algo por trás da bondade em excesso.

PS: Na minha opinião, se alguém realmente ligasse pra política, talvez ouvíriamos falar mais sobre a possível guerra nuclear que está quase prestes a começar na Ásia. Não há um dia sequer que eu passe sem procurar ler algo à respeito disso. Não por gostar de política mas sim porquê é nas custas dela que milhares poderão morrer. Mas isso talvez seja eu esperando demais das pessoas, talvez nem todos sabem que o mundo vai muito além do que enxergamos rs.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Me perdoe se só tenho garfo para essa SOPA..

   Ao longo da vida, eu sempre pesquisei matérias e vídeos a respeito de melhoria pessoal e maneiras de como crescer intelectualmente, e assim, me tornar uma pessoa melhor. Quanto mais eu me aprofundei, mais eu pude chegar a um ponto comum entre tudo o que eu lia ou assistia. Todos eles concordavam num ponto crucial que era o de que para me tornar uma pessoa melhor, eu deveria tentar me relacionar com o maior número possível de pessoas que de alguma forma pudessem contribuir com algo ao meu intelecto. Pessoas que alimentassem a minha sede de ouvir, ver, viver e sentir coisas novas. E ao longo dessa jornada, morando em uma cidade pequena, com pessoas cujos cérebros pareciam se assemelhar ao tamanho da cidade, pouco a pouco eu fui chegando à conclusão de que a internet seria uma ótima aliada.
   Algumas pessoas ao redor do mundo se tornaram conhecidas por combaterem fortemente a internet, pois assim como eu, eles acreditam que ela é uma faca de dois gumes e alguns a usam de forma um tanto quanto errônea. Do mesmo jeito que a internet pode te oferecer o conhecimento que demoraria uma vida inteira para ser absorvido, por outro lado, também pode matar o tempo que você poderia estar usando para obter esse conhecimento que nos é oferecido. Então é preciso saber usar a internet e não desperdiçar o mundo que ela pode te oferecer.
   Estaando ciente de tudo isso e sempre na busca por algo a mais, eu passei a procurar na internet coisas que eu não poderia obter ao me relacionar com praticamente 98% da população da minha cidade. Foi depois dessa modesta epifania que começaram a entrar na minha vida os amigos virtuais e algumas pessoas que eu via passar na rua, mas simplesmente não fazia nem idéia do quão interessante elas realmente eram. De repente eu tinha ao meu dispor gente que amava música, cinema e todas as artes pelos quais eu me interessava e tinha vontade de me aprofundar. Gente que estava disposta a ensinar e abrir minha mente para certas coisas que antes eu não enxergava. Não estou querendo de maneira alguma falar ou sugerir que ter amigos online seja o que você mais precisa na vida, mas devido às circunstâncias do meu caso, eles foram muito importantes para que eu me tornasse uma pessoa melhor e mais informada a respeito de tudo.
   Para explicar melhor as coisas, eu vou falar de um amigo que alguns podem considerar um cinéfilo e da maneira como a internet me passa um pouco do conhecimento e experiências dele. Não por acaso, ele freqüente muito cinema, aluga e até chega a comprar vários filmes. Ele tem o costume de “twittar” as suas opiniões a respeito de filmes que ele acabou de assistir e inclusive indicá-los. É através dos tweets dele que vou ao Youtube e assisto o trailer. Procuro ter uma idéia do que se trata e assim alimentar (ou não) a minha vontade de assistir o filme mencionado em seus tweets, e decidir se tirarei ou não dinheiro do meu bolso para alugar-lo ou ir ao cinema assisti-lo. E se eu gostar do trailer, eu assistirei o filme e ao gostar dele, eu irei o recomendar e postarei o link do trailer do Youtube no meu twitter. Desse modo, o que começou como apenas a dica de uma pessoa, acaba se tornando um momento agradável para várias pessoas que também tiveram curiosidade em assistir-lo.
   Então é com um aperto no peito, que eu digo que essas pessoas que puderam através da internet (Twitter, Facebook, etc.), me influenciar diretamente (ou indiretamente) a ler alguns textos, ver certos filmes, ouvir novas músicas ou simplesmente me fizeram correr atrás de ouvir os clássicos, possam vir a deixar de existir para as gerações que ainda estão por vir. Tudo porque alguns governantes americanos criaram um projeto de lei em junção com grandes empresas da indústria do entretenimento para controlarem e mudarem para sempre o modo como a internet é usada. O Stop Online Piracy Act (ou SOPA, como já foi bastante divulgado), uma vez votado e posto em ação basicamente nos obrigará a retrocedermos aos anos 80 e voltarmos com as propagandas boca-a-boca e voltar a passar as coisas interessantes de mão em mão. E algum em estado lúcido iria desejar isso?
   Agora vejam aonde a crise "napsteriana" foi parar. Sim, falei NAPSTER. Alguns de vocês da minha idade possam não lembrar disto, e outros mais novos estavam largando as fraldas enquanto o mundo assistia Lars Ulrich (baterista do Metallica) se tornar o garoto propaganda do movimento Anti-Napster. Ele defendia que ele estava perdendo dinheiro com a falta de pagamento dos royalties em decorrência dos downloads gratuitos que a Napster oferecia. Ele, Madonna e boa parte das gravadoras resolveram se unir e irem contra os serviços de compartilhamento que a empresa de Shawn Fanning oferecia. Mas que sejamos francos, quem não quer ter uma coisa boa, entregue a você com a rapidez de um clique do mouse e ainda por cima de graça? Pois é, muitos entraram nessa jogada e até admito que alguns exageraram ao baixar alguns conteúdos e lucrarem através da pirataria. Na minha opinião, esses são casos a parte e são esses os casos que deveriam ser combatidos.
   Verdade é que desde o fim da Napster gratuita, o problema da indústria do entretenimento com a internet só vem se tornando uma grande bola de neve. Empresários e artistas do ramo da música, cinema, shows televisionados, todo mundo que tiraria alguma grana com obras produzidas pelos mesmos, acabaram ficando contra a internet e o conteúdo que ela compartilha com os usuários. Todos perdendo grana e ao invés de procurarem maneiras de recompensar essa perda, achar uma solução que acabe agradando tanto o produtor quanto o consumidor, eles simplesmente resolveram cortar o problema pela raiz. É como se agora alguns governantes americanos pudessem escolher por nós e nos obrigassem a concordar com isso e dizer "Não queremos mais a internet".
   O fato mais engraçado disso tudo é que em Outubro de 1999, antes de todo o caso Napster ficar famoso e dar partida na crise "internet versus indústria do entretenimento", a empresa tentou entrar em contato com as grandes gravadoras para que suas músicas fossem distribuídas online. As gravadoras por sua vez, acharam que a internet seria mais uma "moda" e não iria durar por muito tempo. Pra vocês verem o quanto elas estavam erradas (risos). E é aí que fica a minha pergunta: Será que devemos mudar completamente a maneira como vivemos, nos relacionamos com as pessoas, nos divertimos e acima de tudo aprendemos algo do nosso interesse, apenas para tentar resolver um erro não cometido por nós? Será que todos nós nos tornaremos bodes expiatórios para as indústrias americanas?